Por que Dividir o Sistema de Irrigação em Setores (Jardim)?
Quando se fala de sistema de irrigação de jardim, independente de ser automático ou manual, é comum ouvir dizer que o mesmo é dividido em n setores. Também chamados de “estações“, esses setores nada mais são do que partes da irrigação que muitas vezes possuem características e consequentemente demandas hídricas diferenciadas.
No layout ilustrado a seguir, de um projeto para sistema de irrigação residencial, é possível distinguir facilmente as diferentes partes, setores ou estações de acordo com os distintos modelo de aspersor (cores) disponíveis:
Mas por que fragmentar um sistema de irrigação e seções? Qual a vantagem ou benefício de se fazer essa segmentação? Veja as respostas a essas dúvidas e compreenda melhor esta prática na sequência deste arquivo.
Redução dos Custos no Conjunto Moto Bomba
Imagine um sistema de aspersão composto por um total de 20 aspersores do mesmo modelo, para facilitar a compreensão. De maneira mais simplista, somando a vazão de todos os emissores e conhecendo-se também a sua pressão de trabalho, é possível determinar a demanda do bombeamento desta irrigação. Porém se for dimensionar um motor para bombear água para todo o sistema de uma vez só, o projetista certamente vai se deparar com um modelo muito caro. Já dividindo esse sistema em 4 setores de 5 aspersores, por exemplo, a vazão e pressão necessárias para tocar um setor por vez será atendida por um modelo de moto bomba menos potente, menor e que, portanto, ocupe menos e espaço e tenha um custo reduzido.
Respeitar as Diferentes Demandas Hídricas
Outro benefício importantíssimo na setorização de um sistema de irrigação automático, especialmente quando se trata de paisagismo, é respeitar as distintas necessidades hídricas de cada espécie. Em muitos projetos, como o da imagem no início do texto, há diversas plantas diferentes em cada ponto ou recorte do jardim, de forma que se tivéssemos um sistema que é tocado de uma só vez o tempo de rega seria igual para todas as plantas, algo que não faz o menor sentido pois sabemos que as demandas por água são diferentes.
Nesse caso a setorização (juntamente com o controlador que faz a automação) se torna fundamental à medida que flexibiliza o sistema e permite deixar diferentes estações com diferentes programações de rega. Assim, pode-se programar a irrigação de um setor que tenha somente gramado com duração e dias de rega diferentes de outro que possua arbustos ou canteiro, por exemplo.
E as possibilidades vão mais além, pois ainda há inclusive a opção de trabalhar com diferentes tipos de sistemas de irrigação em diferentes estações, como um setor específico de gotejamento para jardim ou painel vertical e/ou de micro aspersão para horta, entre outros.
Reservatório ou Alimentação de Água Limitada
Outro ponto em que a divisão da irrigação em setores pode ajudar, inclusive viabilizar o sistema, é do ponto de vista da alimentação de água. Muitas vezes a cisterna ou reservatório não tem o volume necessário para atender a uma sessão de rega do sistema e, ainda que este tanque seja alimentado por água da rua ou poço, há casos que o abastecimento não ocorre no mesmo ritmo do esvaziamento.
Para ilustrar, acompanhe este caso. Um sistema com 6 estações tem programação diária de 5 minutos para cada setor, com uma vazão total de 10 m³/h (10.000 litros por hora). Na programação deste exemplo, o sistema irá funcionar por 30 minutos e, portanto, consumir metade do volume de sua vazão, ou seja, 5.000 litros. Se o reservatório for de 4 mil litros, ele não dará conta de alimentar a irrigação de forma contínua. No entanto, se esta irrigação tiver 2 ou mais setores, poderá ser programada de forma que metade deles seja acionada num primeiro momento e o restante, no mesmo dia, depois que o reservatório estiver abastecido novamente. É claro que isso depende do fluxo do abastecimento, mas isso será conhecido pelo usuário.
Essas são as principais vantagens/benefícios decorrentes da setorização de um sistema de irrigação. Já a quantidade ideal ou mais adequada de estações de um determinado sistema depende de diversos fatores, que vão desde as características do local, relação custo benefício, perfil do paisagismo e também do gosto/interesse do proprietário, devendo ser definido no projeto.